Eternos iniciantes: o drama dos “independentes”
Escritores independentes buscam espaço no cenário editorial brasileiro

Em meio ao joio há de se ter trigo. É fato que nos últimos dez anos, surgiram milhares de novos escritores dispostos a compartilharem suas histórias com o público leitor. Entretanto, são poucos os autores que conseguem alguma atenção do mercado editorial. Há atualmente no Brasil, diversas plataformas de autopublicação que oferecem qualidade no material impresso e, em alguns casos, planos de assessoria na divulgação e marketing dessas obras.
Por outro lado, muitos autores que inicialmente optam por essas plataformas ou pela publicação (por demanda) através de editoras pequenas ou prestadoras de serviço, acabam esbarrando numa espécie de preconceito editorial. Pressupõe-se que a partir daí, todo e qualquer material produzido por esses autores é de qualidade duvidosa ou ruim.
Embora tenha se tornado popular nos últimos anos, a autopublicação não é uma prática recente. Grandes escritores como Stephen King, Edgar Allan Poe e Carlos Drummond de Andrade custearam suas obras por não haver, em algum momento, interesse em publicação por parte de editores. Assim, nós, os “independentes”, não estamos cometendo nenhum pecado.
Não me parece razoável essa ojeriza generalizada em torno dos “independentes”. Claro que toda publicação envolve riscos, especialmente o financeiro, mas é preciso perceber também que o perfil do leitor já não é mais o mesmo de “antigamente”. Há espaço para os “grandes nomes da literatura, por assim dizer, mas também há abertura para novas perspectivas, novos olhares e novas formas de se contar histórias.
Voltando ao início do texto, não há dúvida de que sobra joio por aí. Entretanto, com um pouco de paciência e boa vontade é possível encontrar “trigo”, sim.


